Môsar Lemos
INTRODUÇÃO
O município de Niterói conta com uma área de cento e trinta quilômetros quadrados e está localizado na micro-região do chamado grande Rio, no Estado do Rio de Janeiro, a vinte e dois graus de latitude Sul e quarenta e três graus de longitude Oeste, e possui atualmente uma população de cerca de quatrocentos e cinqüenta mil habitantes. A temperatura oscila entre dezenove e trinta graus ao longo do ano.
Limita-se ao Norte com o município de São Gonçalo e com a baía da Guanabara; ao Sul limita-se com o Oceano Atlântico; a Leste com os municípios de Maricá e São Gonçalo e a Oeste com a baía da Guanabara.
A altitude varia do nível do mar passando por duzentos e setenta metros no Parque da Cidade, tendo o ponto mais alto no Parque Estadual da Serra da Tiririca onde atinge a cota de 412 metros. Possui um clima tropical, quente e úmido (ZAIDMAN 1985).
Conhecida como “cidade sorriso”, Niterói que em língua indígena significa “água escondida”, comemora sua fundação como sendo 22 de novembro de 1573, que na realidade foi a data em que Araribóia (cobra feroz), chefe indígena Temiminó, batizado como Martim Afonso de Souza, tomou posse da sesmaria que lhe foi dada pela coroa portuguesa como pagamento pelo auxílio na expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
Figura 1. Estátua de Araribóia na estação hidroviária.
Inicialmente com o nome de Aldeia de São Lourenço dos Índios, em 1819 foi elevada a condição de vila como o nome de Vila Real da Praia Grande. Em 1835 passou a ter a condição de cidade e declarada como capital da província do Rio de Janeiro e recebeu seu nome atual. Foi a capital do Estado do Rio de Janeiro até 1975, exceto durante o período compreendido entre 1894 a 1903 quando a capital foi mudada para Petrópolis (WEHRS 1984). Niterói ocupa hoje posição de destaque em qualidade de vida, sendo considerada a quarta cidade do Brasil sob este aspecto, e apesar do desenvolvimento urbano acelerado, e das agressões ao que restou da floresta Atlântica no município, ainda existem áreas verdes em Niterói capazes de abrigar alguns representantes da rica avifauna fluminense. Estes remanescentes de vegetação podem ser encontrados principalmente nos morros que circundam a cidade: Morro de São Lourenço, Morro da Viração, Morro da Boa Viagem, Gragoatá, São Domingos e Morro do Estado. Áreas verdes mais extensas são encontradas na Serra Grande, que faz divisa entre o primeiro e o segundo distrito, Serra de Jurujuba e Serra do Malheiro em Itaipu. Existe ainda a Serra da Tiririca na divisa dos municípios de Niterói e Maricá, que se inicia junto à praia de Itacoatiara e projeta-se até o Engenho do Mato, onde foi criado o Parque Estadual da Serra da Tiririca através da Lei Estadual 1901 de onze de novembro de 1991.
De caráter expressivo é a Reserva Biológica e Florestal denominada Parque da Cidade, situada no morro da Viração de São de Francisco, com uma altitude de duzentos e setenta metros, com acesso pelo bairro de São Francisco e que se estende até Piratininga, onde alcança a cota de três metros dando lugar em alguns trechos à restinga já quase totalmente descaracterizada que se confronta com a laguna de Piratininga.
Figura 2. Parque Estadual da Serra da Tiririca.
gunas de Piratininga e Itaipu formam o complexo lagunar do município, que foi degradado ao longo dos anos através de um processo de urbanização mal planejado. A bacia hidrográfica das lagunas de Piratininga e Itaipu está situada integralmente em Niterói, na região Oceânica e compreende uma área de 45,5 km², sendo delimitada pelas cristas dos Morros da Viração, Preventório, Sapezal, Santo Inácio e pelas Serra Grande (Morros do Cantagalo e Jacaré) e da Tiririca. A bacia é formada por rios e valas de pequena extensão e pelas lagunas de Piratininga e Itaipu, cujo espelho d’água, somado, é de 3,85 km2. As águas que descem das encostas e escoam pela planície, atingem inicialmente as lagunas e em seguida o mar, através de um canal artificial que liga a Laguna de Itaipu com a praia de mesmo nome, construído em 1979. A Laguna de Piratininga escoa suas águas em direção a Laguna de Itaipu, por intermédio do Canal do Camboatá, que possui 2,15 km, largura média de 9,5 m e profundidade média de 0,40 m. O quadro a seguir, resume as características das lagoas e de sua bacia hidrográfica. A laguna de Piratininga possui cerca de três quilômetros quadrados com uma profundidade que varia de trinta centímetros até um metro e cinqüenta centímetros, sendo mais comprida do que larga, perpendicular ao litoral. Na década de quarenta foi aberto um canal artificial ligando a laguna de Piratininga à laguna de Itaipu, o canal do Camboatá, e em 1979 foi aberto o canal de Camboinhas ligando a laguna de Itaipu ao mar, o que contribuiu para escoar a água da laguna de Piratininga, já que ela está em um nível mais alto do que Itaipu.
Figura 3. Laguna de Piratininga.
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS ATUAIS DAS LAGUNAS DE PIRATININGA E ITAIPU
Lagoa/ canal | Canal Área (km²) | Perímetro (km) | Prof. Média (m) | Amplitude Média de Maré (cm) | Área de Drenagem (km²) | Rios Afluentes (4) |
Piratininga | 2,62 (1) 2,87 (2) | 7,35 (1) | 0,9 (3) | 2 (3) | 23,0 (3) | Vala do Tibau, Córrego da Viração (ex-Córrego Tamboatá), Córrego do Cafubá (ex-Córrego Aperta–Cinta), Rio Arrozal (ex-Rio Piratininga) e o valão do Santo Antônio (exvala da Fonte) |
Itaipu (*) | 1.23 (1) 1,00 (2) | 4,45 (1) | 1,2 (3) | 30 (3) | 22,5 (3) | Rio João Mendes, Rio da vala (ex-Córrego Boa Vista), Córrego dos Colibris ou Tiririca (ex-Candobe) e vala de Itacoatiara (ex- Córrego Itaipu) |
Fontes: (1) Prefeitura Municipal de Niterói, FEEMA, UFF (1990) – Diagnóstico Ambiental de Niterói.
(2) Knoppers e Barroso – 1989 – Diagnóstico Ambiental do Sistema Lagunar de Piratininga – Itaipu.
(3) KJERFVE- Estuarine, Coastal and Shelf Science, 42, 1996.
Nota: (*) A Lagoa de Itaipu possui um alagadiço com cerca de 2,0 km² de superfície e 0,10m de profundidade média.
O acesso para o mar junto à ponte do Tibau foi reaberto com a construção de um túnel que permite que a água do mar penetre na laguna durante a maré cheia. O que resta deste ecossistema composto pelas lagunas de Piratininga, Itaipu, o manguezal e a restinga adjacente têm sido precariamente mantidos como Área de Preservação Ambiental, com respaldo na Lei 9605/98. A laguna de Itaipu é bem menor com cerca de um quilômetro quadrado, porém a profundidade em alguns pontos chega a seis metros. O processo de degradação mais acentuado na laguna de Piratininga, paradoxalmente favorece a avifauna já que impossibilita a prática de esportes aquáticos, o que não ocorre com a laguna de Itaipu onde a prática deste tipo de atividade colabora para diminuir a presença de aves no local.
Figura 4. Outro aspecto da laguna de Piratininga.
A prática da pesca artesanal por alguns pescadores parece não interferir com as aves das lagunas, entretanto a prática de atear fogo à vegetação para que alguns bovinos e eqüinos possam pastar durante a rebrota do capim, pode prejudicar a comunidade de aves existente.
Existem várias ilhas litorâneas em Niterói, dentre elas a ilha dos Amores, Caju, Conceição, Mocanguê Grande, Mocanguê Pequena, Boa Viagem, Caximbau, Santa Cruz, Viana, Cardos, todas elas localizadas dentro da baía de Guanabara, além de algumas ilhas oceânicas, Veado, Pimenta, Pai, Mãe e Filha. Niterói é cortado por vários rios dentre eles o rio Icaraí, o rio Vicência, o rio Santa Rosa, o rio Maria Paula, o rio Caramujo, o rio Muriqui e o rio Várzea das Moças, todos muito assoreados e com seus cursos modificados.
Figura 5. Interior da floresta na Tiririca.
O presente relato não encerra o estudo sobre a avifauna de Niterói. Ao contrário mostra que muito ainda há por fazer. Provavelmente um bom número de espécies que não se mostram com facilidade ou não saem de seus ambientes naturais, não estão aqui representados. Algumas espécies nidificam nas ilhas e visitantes ocasionais podem ser nelas vistos em diferentes épocas do ano.
ONDE ENCONTRAR AS AVES?
As aves apresentam regime alimentar variado que inclui outras aves, roedores, répteis, anfíbios, peixes e diversos invertebrados, porém um grande percentual é vegetariano utilizando flores, frutos, sementes, folhas e néctar como fonte de alimentação. Por outro lado os vegetais fornecem às aves além de alimento, abrigo, local para pouso e para construção de ninhos. Além disso, as folhas, reentrâncias nos troncos e plantas como as bromélias funcionam como reservatórios de água. Dessa forma as aves estão intimamente entrelaçadas com a vegetação e podemos inferir que a ausência de vegetação é um fator limitante à sobrevivência das aves.
Durante a primeira fase do estudo, foi consultada a bibliografia disponível, e foram anotadas no campo as aves encontradas, observadas à vista desarmada ou com o auxílio de binóculos, e também através de algumas identificações pela voz da ave. As observações foram feitas durante os cinco dias úteis da semana nos trajetos que compreendiam os afazeres diários. Nos finais de semana e feriados, algum ponto da cidade era escolhido para as observações.
Em uma fase posterior foram dedicadas algumas horas na parte da manhã ao menos duas vezes por semana em um local específico para a observação, e o ponto mais visitado ao longo destes anos foi a laguna de Piratininga e a restinga que a circunda. Desta forma, foi registrado até o final de dezembro de 2004, um total de cento e trinta e oito espécies de aves, distribuídas em quarenta e três famílias (seis subfamílias) dentro de dezoito ordens diferentes. A maioria destas aves pode ser vista ou ouvida por qualquer observador mais cuidadoso. As espécies localizadas provavelmente representam uma pequena parcela de todo o contingente de aves locais, se comparadas as quatrocentas espécies que já foram identificadas no município do Rio de Janeiro (Sick, 1985).
As aves estão relacionadas por área estudada e também organizadas sistematicamente dentro de ordens e famílias segundo Sick (1985,1997). Também foram consultados Olivério Pinto (1978) e Meyer de Schauensee (1982). Foi adotada a mesma nomenclatura popular utilizada na última edição da Ornitologia Brasileira (Sick 1997), além daquela encontrada em “Nomes populares das aves do Brasil” (Andrade 1982), com menção a outro nome local, quando existente.
As aves observadas sobre a baía da Guanabara foram consideradas como pertencentes a avifauna do município, tendo em vista serem avistadas ora próximas ao litoral de Niterói, ora próximas ao litoral do Rio de Janeiro, e ainda, por não ser possível determinar um limite definido entre as aves de um e de outro lado da baía.
Relacionamos os locais de observações de acordo com a proximidade ou de acordo com o ambiente predominante, listando as espécies que podem ser observadas nestes locais.
Alto Mourão
Ponto culminante de Niterói (412m) situa-se no limite com o município de Maricá. Pertence ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, abrigando uma grande variedade de espécies vegetais, como orquídeas, bromélias, jequitibás, paus-d'alho, etc. Sua fauna remanescente resume-se a tatus, gambás, ouriços-cacheiros, gatos-do-mato, etc. Também chamada de Pedra do Elefante ou Falso Pão-de-Açúcar, esta rocha é um dos roteiros turísticos mais requisitados e conhecidos de Niterói, e sua trilha de acesso inicia-se no Mirante de Itaipuaçu, passando por trecho de capim colonião, e, logo após, Floresta Atlântica em processo espontâneo de regeneração. Aproximadamente após duas horas de caminhada, o percurso torna-se íngreme e rochoso, exigindo o uso de pés e mãos na ascensão. As maiores agressões ambientais visíveis são: abertura e uso de atalhos por freqüentadores pouco conscientes, lixo abandonado nas trilhas e no pico, coleta clandestina de espécies vegetais, caça ilegal, queimadas ocasionadas por balões e cigarro. Existe também uma subida por Itacoatiara, totalmente desaconselhável devido ao seu estado precário com risco de acidentes.
BAIA DA GUANABARA
Compreende a própria baía (descrever a baia).
Campo De São Bento
A mais antiga área verde programada de Niterói é parte da sesmaria doada a Araribóia em 1568. Recebeu esse nome de seus antigos proprietários beneditinos. Começou a ser construído por volta de 1880, tendo sua urbanização se efetivado em 1908 quando o Prefeito João Pereira Ferraz, em contrato com o arquiteto belga Arsênio Puttmans deu ao campo sua feição atual, com coretos, canteiros e pontes. É a maior área verde de Icaraí, com cerca de 50.000 metros quadrados e abriga centenas de espécies de plantas, entre as quais se destacam o pau-brasil e o pau-ferro. Possui um chafariz e um lago artificial. Acesso pela Av. Roberto Silveira, pela Rua Lopes Trovão, pela Rua Gavião Peixoto e pela Rua Domingues de Sá.
Campus Do Valonguinho
O campus do Valonguinho da Universidade Federal Fluminense, ocupa o Outeiro de São João Baptista localizado no centro de Niterói. Tem seus limites definidos pela Avenida Visconde de Rio Branco, Hernani de Melo, Possui um pequeno fragmento florestal, em crescimento graças a um programa de reflorestamento encabeçado pelo professor Paulo Fevereiro do Departamento de Botânica.
Centro
Centro da cidade e os bairros adjacentes, a estação das lanchas, o bairro da Ponta da Areia, o outeiro de São João Batista (Valonguinho), o Jardim São João, e o campus da Universidade Federal Fluminense.
Costão De Itacoatiara
Também chamado de Pedra de Itacoatiara ou Tucum, este monolito rochoso adentra o oceano, formando a Ponta de Itacoatiara, componente notável da praia de mesmo nome, à esquerda de quem olha para o mar. Com aproximadamente 250m de altura, esta rocha pertence ao Parque Estadual da Serra da Tiririca e possui uma vegetação predominantemente rupícola, com muitas bromélias e orquídeas, além de dois "oásis" de Floresta Atlântica, um em seu cume e outro em sua encosta leste. Sua fauna está representada por répteis como calangos e serpentes, e aves, como gaviões, bacuraus, sabiás, etc. O topônimo tupi Itacoatiara, ita (pedra) coatiara (riscada, lavrada, escrita), provém dos riscos encontrados sobre esta pedra, oriundos de sua formação geológica. Sua trilha, apesar de curta, é rica de emoções, pois possui acentuada inclinação no começo da subida à pedra. Seu maior atrativo é a vista das praias de Itacoatiara e Itaipuaçu, além do litoral oceânico de Niterói e montanhas do Rio. Por ser um percurso breve, pode ser feito à tardinha para observação do pôr-do-sol; ou de madrugada, para o alvorecer. Infelizmente, encontramos lixo, pichação, pessoas coletando bromélias e orquídeas e vestígios de incêndios ocasionados principalmente por pontas de cigarros.
Enseada Do Bananal
Anfiteatro natural de rochas gigantescas, espremido entre o Alto Mourão e o Costão de Itacoatiara. A enseada faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca, e nela se situa a parte marinha desta unidade de conservação. Possui cobertura vegetal secundária de Floresta Atlântica, ou seja, já foi destruída diversas vezes e atualmente encontra-se em regeneração, com algumas figueiras, clúsias e carrapeteiras. Abriga inúmeras aves, alguns mamíferos (ouriço-cacheiro, gambá, cutia), répteis (teiús, jararacas, calangos) e fauna marinha (tartarugas, sargentos, medusas, crustáceos). Tem como atrativos: trilha sombreada e curta, cavernas, piscinas naturais e grande beleza paisagística. Sofre agressões ambientais de alguns de seus freqüentadores, que deixam lixo nos locais visitados (além do trazido pelas marés), picham pedras e árvores, e ocasionam incêndios com fogueiras e cigarro.
Horto Florestal Nilo Peçanha
Foi criado, por decreto do governador Nilo Peçanha, em maio de 1906, com a finalidade de cultivar e distribuir aos lavradores sementes e mudas de frutíferas e plantas medicinais. Sua história é marcada por sucessivas fases de prestígio e declínio e sofreu duas grandes reformas, em 1950 e 1975. Entre as espécies ali existentes há jatobás, jequitibás, jacarandás e sapucaias. Funciona no local, também, a fundação ZOONIT, o mini zoológico da cidade, a Secretária de Agricultura, a EMATER e a PESAGRO.
Lagunas De Itaipu E Piratininga
Compreende a área das lagunas, os manguezais e mais os remanescentes da restinga que as contornam. A laguna de Piratininga fica situada no litoral sul do município de Niterói e ocupa uma área de aproximadamente dois e meio quilômetros quadrados, com uma profundidade que varia de trinta centímetros até um metro e setenta centímetros, sendo mais comprida do que larga, perpendicular ao litoral.e recebe as águas dos rios Jacaré, Arrozal, Santo Antônio e Cafubá, e comunica-se com a laguna de Itaipu através do canal de Camboatá. Apesar de sérios problemas de eutrofização artificial, devido ao esgoto doméstico da região oceânica do município lançado em suas águas através dos rios e a impossibilidade de renovação da água pelo mar, além da ocupação desordenada de suas margens, a laguna abriga uma comunidade de aves bastante significativa, cujas populações oscilam ao longo do ano. O acesso para o mar que existia junto à ponte do Tibau está sendo reaberto com a construção de um túnel que permitirá que a água do mar penetre novamente na laguna. Na década de quarenta foi aberto um canal artificial ligando a laguna de Piratininga à laguna de Itaipu, o canal do Camboatá, e em 1979 foi aberto o canal de Camboinhas ligando a laguna de Itaipu ao mar, o que contribuiu para escoar a água da laguna de Piratininga, já que ela está em um nível mais alto do que Itaipu.
O que resta deste ecossistema composto pelas lagunas de Piratininga, Itaipu, o manguezal e a restinga adjacente tem sido precariamente mantido como Área de Preservação Ambiental, com respaldo na Lei 9605/98.
A laguna de Itaipu é bem menor com cerca de um quilômetro quadrado, porém a profundidade em alguns pontos chega a seis metros.
O processo de degradação mais acentuado na laguna de Piratininga, paradoxalmente favorece a avifauna já que impossibilita a prática de esportes aquáticos, o que não ocorre com a laguna de Itaipu onde a prática deste tipo de atividade colabora para diminuir a presença de aves no local. A prática da pesca artesanal por alguns pescadores parece não interferir com as aves das lagoas, entretanto a prática de atear fogo à vegetação para que os pequenos rebanhos (bovinos e eqüinos) possam pastar durante a rebrota do capim, pode prejudicar a comunidade de aves existente.
Morro Das Andorinhas
Elevação que faz a divisa entre o bairro de Itacoatiara e Itaipu, sendo área de preservação permanente e parcialmente tombada como patrimônio histórico pelo IPHAM e SPHAM. Sua trilha de acesso inicia-se nos arredores da Igreja de São Sebastião de Itaipu, levando o caminhante a vários mirantes ao longo de sua cumeeira, certamente um dos maiores atrativos do roteiro. No trecho final a trilha se bifurca: para a direita, desce-se até a Casa de Pedra, recanto protegido por rochas a beira-mar; e para a esquerda, chega-se à ponta extrema do morro, com bela vista do oceano, ilhas de Itaipu e litoral do Rio. A flora do Morro das Andorinhas encontra-se em diversos estágios de regeneração, sendo sua cobertura vegetal totalmente composta por mata secundária, com raros espécimes de grande porte. Sua fauna encontra-se depauperada pelos séculos de agressões ambientais, persistindo, no entanto, gambás, serpentes, cutias, lagartos teiús e as aves. O Morro das Andorinhas é rico em atrativos históricos e pré-históricos, pois além de possuir em seus arredores um sítio arqueológico do tipo sambaqui, a Duna Grande, guarda construções históricas importantes, como a Igreja de São Sebastião de Itaipu, construída pelos jesuítas em 1716, e o Recolhimento de Santa Teresa (atual Museu de Arqueologia de Itaipu), de 1645, instituição utilizada antigamente como prisão e retiro de mulheres, além de clausura para esposas e filhas de fazendeiros em viagem. Aos pés do morro ainda está preservada a tradicional comunidade de pescadores de Itaipu, no chamado Canto Sul - apesar da invasão e descaracterização do local por bares, restaurantes e visitação excessiva de turistas. A maior ameaça à integridade ambiental do Morro das Andorinhas está, seguramente, nas invasões de sua área. Na encosta voltada para Itacoatiara, pode-se observar o crescimento de uma verdadeira "favela" de ricos, à revelia da legislação ambiental e do cidadão consciente. Por causa desta invasão "legalizada", a trilha que ligava Itaipu a Itacoatiara - e que certamente deve ter servido às populações pré-históricas que ali habitaram sucessivamente durante milênios - hoje está fechada.
Parque Da Cidade
Reserva biológica municipal, localizada no alto do Morro da Viração, numa altitude de 270 metros, ocupando uma área de cerca de 15 hectares, foi inaugurado em 21 de setembro de 1976. No local existe uma fonte natural e algumas ruínas de um posto de Atalaia português dos anos 1500/1600. A mata do parque é formada predominantemente de eucaliptos e alguns exemplares remanescentes da Floresta Atlântica. Possui um mirante e dele pode-se ter uma visão panorâmica das lagunas de Piratininga e Itaipu; das praias de Piratininga, Itaipu e Camboinhas; e de alguns bairros; da Baía de Guanabara em toda a sua extensão e do mar aberto, até o horizonte. Avista-se, também, a cidade do Rio de Janeiro com alguns de seus bairros e a Ponte Rio-Niterói. O Parque da Cidade é freqüentado pelos praticantes de vôo livre, possuindo duas rampas para a prática deste esporte. O acesso é feito a partir da Igreja de São Francisco Xavier, passando pelo antigo Clube Hípico Fluminense e subindo pela Estrada Nossa Senhora de Lourdes.
Parque Estadual Da Serra Da Tiririca (Pest)
Começa entre as Praias de Itacoatiara e Itaipuaçu (Município de Maricá), estendendo-se entre Niterói e Maricá até a Rodovia Amaral Peixoto (RJ 106) na divisa com São Gonçalo. Apresenta nos trechos mais elevados porções significativas de matas em bom estado de conservação. A serra é basicamente revestida por mata secundária em vários estágios de regeneração e sua flora é composta em sua maioria por espécies nativas da Floresta Atlântica. Merece registro a presença de maçarandubas, palmitos, figueiras, monjolos, aroeiras e paineiras. O Parque Estadual da Serra da Tiririca é administrado pelo INEA (Instituto Estadual de Ambiente). Neste parque encontramos o ponto mais alto da cidade, o alto Mourão com 412m.
Parque Monteiro Lobato
Situado no Barreto, e com 34 mil metros quadrados de área, o então horto municipal, criado na década de 50, foi transformado em parque em 1978. Entre as espécies da flora existentes no parque há madeiras nobres como o pau-brasil, o mogno e a nogueira, além de diversos tipos de palmeiras e até mesmo uma corticeira centenária. Hoje também funciona ali um horto de produção de mudas para reflorestamento e arborização da cidade.
Praias
Todo o litoral de praias, tanto da baía, como as oceânicas: Ponta d’Areia, Gragoatá, Boa Viagem, Flechas, Icaraí, São Francisco, Charitas e Jurujuba no interior da baía. Piratininga, Camboinhas, Itaipu e Itacoatiara pelo lado do Oceano Atlântico.
Rodovia Niterói Manilha (Br 101)
Compreende um trecho de manguezais do fundo da baía da Guanabara, desde a ilha da Conceição até a desembocadura do rio Bomba no limite com o município de São Gonçalo.
Santa Rosa
Bairro afastado do centro e localizado em um vale entre os morros da Ititioca, Bumba, com uma razoável cobertura vegetal remanescente.
Travessia São Francisco A Piratininga
Talvez a mais tradicional caminhada de Niterói esta travessia inicia-se na Estrada da Viração, nas proximidades da Igreja de São Francisco Xavier, continuando até o Parque da Cidade em subida íngreme, e de lá seguindo a cumeeira dos Morros do Preventório e da Viração, através de estradinhas de terra e trilhas, até descer ao bairro Jardim Imbuí, à beira da laguna de Piratininga. Daí até a Praia do Marazul (ou Prainha, como é mais conhecida) são apenas alguns minutos. Seus maiores atrativos são as vistas panorâmicas que se descortinam, tanto do lado da Baía de Guanabara quanto da Região Oceânica de Niterói - além do melhor ângulo que se pode ter do Pão-de-Açúcar, no Mirante da Viração. Sua trilha adentra os últimos resquícios de floresta do conjunto de morros que divide os bairros de São Francisco e Charitas da Região Oceânica. A cobertura vegetal ora apresenta-se em áreas de reflorestamento de eucalipto e mata secundária, ora em áreas degradadas, invadidas por posseiros ou tomadas por capim colonião, demonstrando claramente os prejuízos da pressão urbana no local. A fauna nativa remanescente ficou reduzida a pequenos mamíferos (gambá, tatu, cuíca, morcegos), répteis (jararacas, corais, teiús) e as aves. A grande ameaça à manutenção desta área apropriada à observação de aves está no crescimento das atuais favelas, seja no interior do Morro da Viração, seja no Morro do Preventório.
Vital Brasil
Bairro onde estão instalados o Instituto Vital Brasil e a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense. É um bairro residencial relativamente bem arborizado, o que favorece a presença de algumas aves mais sinantrópicas.
AS AVES
FAMILIA | ESPÉCIE | NOME POPULAR |
SPHENISCIDAE | Spheniscus magellanicus | Pinguim-de-Magalhães |
PODICIPEDIDAE | Podilymbus podiceps Tachybaptus dominicus | Mergulhão Mergulhão-pequeno |
PROCELLARIDAE | Puffinus puffinus | Bobo pequeno |
PHAETHONTIDAE | Phaethon aethereus | Rabo de palha |
SULIDAE | Sula leucogaster | Atobá |
PHALACROCORACIDAE | Phalacrocorax brasilianus | Biguá |
FREGATIDAE | Fregata magnificens | Fragata, tesourão |
ARDEIDAE | Ardea cocoi Egretta alba Egretta thula Bubulcus ibis Egretta caerulea Nycticorax nycticorax Butorides striatus | Maguari, socó grande Garça-branca-grande Garça-branca-pequena Garça-vaqueira Garça-azul, garça-morena Savacú, socó-dorminhoco Socoí |
THRESKIORNITHIDAE | Phimosus infuscatus Ajaia ajaja | Tapicurú de cara pelada Colhereiro, aiaiá |
CATHARTIDAE | Coragyps atratus Cathartes aura Cathartes burrovianus | Urubu Urubu de cabeça vermelha Urubu de cabeça amarela |
ANATIDAE | Dendrocigna viduata Anas bahamensis Netta erythrophtalma Amazonetta brasiliensis | Marreca irere, irere Marreca toicinho Paturi-preta Marreca pé vermelho |
ACCIPITRIDAE | Leptodon cayanensis Chondrohierax uncinatus Rupornis magnirostris Leucopternis lacernulata Buteogallus meridionalis Parabuteo unicinctus Buteo albicaudatus Buteo brachyurus Harpyhaliaetus coronatus Elanoides forficatus | Gavião de cabeça cinza Gavião caracoleiro Gavião carijó Gavião pomba Gavião caboclo Gavião asa de telha Gavião de cauda branca Gaviaão de cayda curta Águia cinzenta Gavião-tesoura |
PANDIONIDAE | Pandion haliaetus | Aguia pescadora |
FALCONIDAE | Herpetotheres cachinans Milvago chimachima Caracara plancus Falco peregrinus Falco femoralis Falco sparverius Falco rufigularis Micrastur ruficollis | Acauã Carrapateiro Carcará, gavião carcará Falcão peregrino Falcão de coleira Quiriquiri, gavião quiriquiri Cauré Gavião |
ARAMIDAE | Aramus guarauna | Carão |
RALLIDAE | Rallus nigricans Rallus sanguinolentus Porzana albicollis Aramides cajanea Gallinula chloropus Porphyrula martinica | Saracura sanã Sanã Sanã carijó Saracura tres potes Frango d’água Frango d’água azul |
CARIAMIDAE | Cariama cristata | Seriema |
JACANIDAE | Jacana jacana | Jaçanã, piaçoca |
HAEMATOPODIDAE | Haematopus palliatus | Piru-piru |
CHARADRIDAE | Vanellus chilensis Charadrius collaris | Quero-quero Batuíra de coleira |
SCOLOPACIDAE | Gallinago gallinago Tringa flavipes | Narceja Maçarico de perna amarela |
STERCORARIDAE | Stercorarius parasiticus | Gaivota rapineira |
LARIDAE | Larus dominicanus Sterna hirundinacea Sterna eurygnatha | Gaivotão, gaivota Trinta réis de bico vermelho Trinta réis de bico amarelo |
RYNCHOPIDAE | Rynchops niger | Talha-mar, corta água |
COLUMBIDAE | Patagioenas picazuro Columba livia Columbina talpacoti Columbina minuta Leptotila verreaux | Trocal Pombo doméstico Rolinha Rolinha de asa canela Juriti |
PSITTACIDAE | Diopsittaca nobilis Primolius maracana Aratinga leucophtalma Aratinga aurea Pirrhura frontalis Brotogeris tirica Nandayus nenday Amazona aestiva Amazona amazonica | Maracanã nobre Maracanã Periquitão maracanã Periquito estrela Tiriba de testa vermelha Periquito rico Periquito de cabeça preta Papagaio verdadeiro Curica |
CUCULIDAE | Crotophaga ani Crotophaga major Guira guira Tapera naevia Piaya cayana | Anu preto Anu coroca. Groló Anú branco Saci, peixe frito Alma-de-gato, rabilonga |
TYTONIDAE | Tyto alba | Suindara, coruja das torres |
STRIGIDAE | Otus choliba Glaucidium brasilianum Speotyto cunicularia Rhinoptynx clamator Strix huhula | Corujinha do mato Caburé Coruja buraqueira Coruja orelhuda Coruja preta |
NICTIBIIDAE | Nictibius griseus | Urutau, mãe da lua |
CAPRIMULGIDAE | Hydropsalis brasiliana Caprimulgus longirostris | Bacurau tesoura Bacurau da telha |
APODIDAE | Streptoprocne zonaris Chaetura andrei | Andorinhão de coleira Andorinhão-do-temporal |
TROCHILIDAE | Eupetomena macroura Melanotrochilus fuscus Chlorostilbon aureoventris Amazilia fimbriata Hylocharis cyanus Thalurania glaucopis | Beija flor tesoura Beija flor preto e branco Besourinho bico vermelho |
PICIDAE | Colaptes campestris Melanerpes flavifrons Picumnus cirratus Celeus flavescens | Pica pau do campo Benedito de testa amarela Pica pau anão barrado Pica pau cabeça amarela |
RAMPHASTIDAE | Selenidera maculirostris | Araçari-poca |
ALCEDINIDAE | Ceryle torquata | Martim pescador grande |
THAMNOPHILIDAE | Thamnophilus palliatus | Choca listrada |
FURNARIIDAE FURNARIINAE SYNALLAXINAE | Furnarius rufusFurnarius figulusCerthaxis cinnamomea | João-de-barro João-nordestino Curutié |
TYRANNIDAE | Camptostoma obsoletum Myiophobus fasciatus Fluvicola nengeta Arundinicola leucocephala Tyrannus melancholicus Tyrannus savana Megarhynchus pitangua Hirundinea ferruginea Pitangus sulphuratus Myiozetetes similis Todirostrum poliocephalum Todirostrum cinereum Myiophobus fasciatus Elaenia flavogaster Satrapa icterophrys Myiodynastes maculatus | Risadinha Lavadeira mascarada Viuvinha Suirirí Tesourinha Benteví de bico chato Gibão de couro Benteví Bentevizinho penacho verm Teque teque Filipi Guaracava barriga amarela Suiriri pequeno |
HIRUNDINIDAE | Notiochelidon cyanoleuca Tachyneta leucorrhoa Stelgidopteryx ruficollis | Andorinha das casas Andorinha sobre branco Andorinha serrrador |
TROGLODYTIDAE | Thryothorus longirostris Troglodytes musculus Donacobius atricapillus | Garrinchão bico grande Cambaxirra, garrincha Japacanim |
MUSCICAPIDAE TURDINAE | Turdus rufiventris Turdus amaurochalinus Turdus leucomelas Platycichla flavipes | Sabiá laranjeira Sabiá poca Sabiá barranco Sabiá una |
MIMIDAE | Mimus saturninus | Sabiá do campo |
MOTACILLIDAE ICTERINAEPARULINAECOEREBINAE THRAUPINAE EMBERIZINAE | Anthus lutescensIcterus jamacaiiLeistes superciliaris Gnorimopsar chopi Molothrus bonariensis Agelaius ruficapillusParula pitiayumiGeothlyps aequinoctialisCoereba flaveolaThlypopsis sordidaHemithraupis ruficapillaRamphocelus bresiliusEuphonia chlorotica Thraupis sayaca Thraupis palmarum Schistochlamis ruficapillaTangara seledon Dacnis cayana Cyanerpes cyaneus Conirostrum speciosumCoryphospingus pileatusVolatina jacarinaSporophila caerulescens Sporophilaangolensis Sicalis flaveola Zonotrichia capensis Tiaris fuliginosa | Caminheiro zumbidor Corrupião Polícia inglesa Melro Chopim, gaudério, Garibaldi Mariquita Pia cobra Cambacia, mariquita Saí canário Saíra Tié sangue Gaturamo, vivi Sanhaço cinzento Sanhaço do coqueiro Bico de veludo Saíra sete cores Saí azul Saíra beija flor Figuinha de rabo castanho Galinho-da-serra Tiziu Coleiro papa capim Curió, avinhado Canário da terra Tico tico Cigarra do coqueiro |
PASSERIDAE | Passer domesticus | Pardal |
ESTRILDIDAE | Estrilda astrild | Biquinho de lacre |
Aves na Laguna de Piratininga
Aves na Rodovia Niterói - Manilha
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
Antonio Carlos da Silva Bressan
Roberto da Rocha e Silva
Felipe André Dias Lemos
Môsar Lemos
NELTUR
LITERATURA CONSULTADA:
Nenhum comentário:
Postar um comentário